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TOCANTINS

Polícia Civil deflagra operação em 5 presídios para combater facções criminosas

19 dezembro 2019 - 09h52

A Polícia Civil do Tocantins, por meio da 1ª Divisão Especializada na Repressão ao Crime Organizado – DEIC, deflagrou na manhã desta quinta-feira, 19, em Palmas e em outras quatro cidades do Estado, a Operação Caedes. O objetivo é conter a ação de facções criminosas de renome nacional dentro das unidades prisionais tocantinenses. Estão sendo cumpridos oito mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em unidades prisionais de Palmas, Miracema do Tocantins, Gurupi, Cariri e Araguaína. O nome da operação remete às palavras de homicídio assassinato, massacre.

Motivação

De acordo com o delegado Eduardo de Menezes, responsável pelas investigações, a operação visa dar voz de prisão a detentos suspeitos de participar da execução de dois internos do Centro de Reeducação Social Luz do Amanhã (CRSLA), em Cariri do Tocantins, no sul do estado. A motivação seria uma retaliação na morte de um líder de facção criminosa rival à dos detentos. Até aquele momento, a Polícia Civil acreditava que havia uma relação de parceria entre as duas facções no Tocantins.

Pavilhão 3

Na manhã do sábado, 06 de abril de 2015, dois reeducandos de iniciais A. R. de C e V. D da S. foram encontrados mortos e decapitados na cela do pavilhão 03 da unidade prisional de Cariri, na região Sul do Estado. Segundo o delegado Eduardo de Menezes, durante as investigações foi apurado que as vítimas haviam ingressado na carceragem do estabelecimento no dia anterior ao delito, oriundas de outra unidade prisional instalada no povoado Barra da Grota, em Araguaína, Norte do Estado.

O motivo das execuções sumárias seria em represália a um homicídio ocorrido em 2013 em Palmas onde foi a óbito um homem vulgarmente apelidado de “Rei do Crime”. Este, segundo as apurações do delegado, seria integrante de facção rival. “Durante depoimento, uma testemunha fez questão de advertir que ambos só não haviam sido mortos antes em virtude de estarem em uma parte da unidade prisional reservada, livre do convívio dos demais presos (o vulgarmente conhecido “seguro”). No entanto, com a remoção para unidade prisional diversa, ambos acabaram ficando vulneráveis a ataques”, ressaltou.

Investigações

Conforme o delegado Eduardo de Menezes, em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça,  um homem de iniciais A. L, vulgarmente conhecido com “Sukin” detalhava o homicídio do “Rei do Crime” e que os dois homens decapitados haviam cometido o crime dois anos antes como forma de ascensão à facção criminosa rival.  “Em determinado momento do “cerimonial” de incorporação, “Sukin” informa ao pretenso membro que os dois responsáveis pela morte de “Rei do Crime” estariam “decretados”, quais sejam justamente os dois decapitados em abril de 2015. Em outras palavras, a ordem que Sukin transmitia ao indivíduo que estava na iminência de integrar o bando, valendo-se da expressão “decretados”, era o de que os dois deveriam ser mortos”, afirmou.

Ascensão

O delegado informa ainda que, na estrutura organizacional de uma facção criminosa existem graus de importância e que são alcançados mediante comprimento de ordens ou missões, como por exemplo a palavra “terminal” é retratada utilizada quando o assunto é, principalmente, o extermínio de membros do grupo rival. “Quando a morte de um criminoso rival é consumada, o “terminal” é registrado na ficha cadastral do responsável pelo intento, que por se tratar de um dos mais “importantes” atos em favor da outra facção rival reverte ao integrante na figura de uma espécie de pontuação, utilizada posteriormente para ascender na hierarquia da facção”, ressaltou.

Criminalidade

Para o delegado Eduardo Menezes, a briga de facções ganhou força com a morte dos dois reeducandos, fazendo com que uma facção ganhasse notoriedade criminosa no Tocantins. “Foi após a execução do “Rei do Crime” que houve uma total dissidência entre as facções, resultando nos homicídios de integrantes de facções ora de um lado, ora de outro”, frisou o delegado.