De acordo com o CNJ, o TRT da 15ª Região (Campinas-SP) lidera o ranking com 7.938 ações, seguido pela Bahia, Distrito Federal e Tocantins, Pernambuco e Piauí. - Crédito: Imagem Ilustrativa A crise financeira e judicial dos Correios voltou ao centro do debate nacional. No Tocantins, o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10), que abrange o estado e o Distrito Federal, registrou 3.475 ações trabalhistas contra a estatal, colocando a região entre as cinco com maior volume de processos do país, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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AUMENTO EXPRESSIVO DE DEMANDAS JUDICIAIS
Entre novembro de 2024 e outubro de 2025, os Correios foram responsáveis por 56.481 novos processos trabalhistas no país — uma média de 154 por dia. O número equivale a 70% da atual força de trabalho da empresa, que conta com cerca de 83 mil empregados. No total, o passivo trabalhista já chega a 75.173 ações em andamento.
De acordo com o CNJ, o TRT da 15ª Região (Campinas-SP) lidera o ranking com 7.938 ações, seguido pela Bahia, Distrito Federal e Tocantins, Pernambuco e Piauí.
PREJUÍZO DE R$ 8,38 BILHÕES E DÉFICIT DE 12 TRIMESTRES
Os litígios trabalhistas agravam a crise financeira da estatal, que acumula 12 trimestres consecutivos de resultados negativos. Desde o fim de 2022, as perdas somam R$ 8,38 bilhões.
Apenas no primeiro semestre de 2025, as condenações judiciais ultrapassaram R$ 1,5 bilhão, valor superior ao desembolsado em todo o ano anterior.
O governo federal estuda alternativas de reestruturação, enquanto os Correios tentam obter empréstimo de R$ 20 bilhões junto ao Tesouro Nacional para recompor o caixa.
MAIORIA DAS AÇÕES
Especialistas apontam que boa parte das ações está relacionada a doenças ocupacionais e ao descumprimento de acordos coletivos. A advogada trabalhista Marina Tambelli explica que os processos refletem a falta de investimento em segurança e saúde do trabalhador.
“Grande parte das ações envolve problemas físicos resultantes de longas caminhadas e sobrecarga de peso”, detalhou.
PLANO DE REESTRUTURAÇÃO
Em nota, os Correios afirmaram que estão realizando levantamento de dados e análises técnicas para conter o crescimento das despesas judiciais. A estatal também anunciou o desenvolvimento de um novo Plano de Cargos e Salários e ajustes internos para reduzir litígios.
A primeira fase do plano de reestruturação prevê corte de despesas administrativas, diversificação de receitas e recuperação da liquidez.
A empresa conta atualmente com cerca de 260 advogados atuando em processos judiciais e extrajudiciais em todo o país.
Os Correios reforçaram que não há previsão de aporte federal para o pagamento das dívidas e que o foco está na recuperação operacional e financeira.
