Oito dos 11 parlamentares da bancada federal do Tocantins votaram a favor da derrubada de vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a sessão conjunta do Congresso Nacional desta terça-feira (17). Um dos vetos rejeitados pode causar um aumento de até 3,5% nas tarifas de energia elétrica até 2050, segundo especialistas.
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ENTENDA O QUE MUDA
O veto mais polêmico era sobre trechos do novo marco regulatório da energia offshore. Com a derrubada, dispositivos que haviam sido barrados voltaram a valer, incluindo:
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Obrigação de contratação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs)
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Implantação de usinas de hidrogênio líquido no Nordeste
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Contratação de energia eólica no Sul, mesmo sem demanda comprovada
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Prorrogação de contratos antigos do Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica)
Estudos da consultoria PSR e da Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) apontam que o custo total dessas medidas pode chegar a R$ 197 bilhões até 2050.
QUANTO CADA PROJETO PODE PESAR NA CONTA DE LUZ
A maior parte desse impacto, cerca de R$ 140 bilhões, virá da contratação compulsória de PCHs. Outros R$ 28 bilhões seriam gastos com o hidrogênio líquido, R$ 5 bilhões com a energia eólica no Sul e R$ 24 bilhões com o Proinfa.
COMO VOTARAM OS PARLAMENTARES DO TOCANTINS
Votaram a favor da derrubada dos vetos:
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Senador Eduardo Gomes (PL)
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Deputado Antonio Andrade (Republicanos)
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Deputado Carlos Henrique Gaguim (União Brasil)
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Deputado Eli Borges (PL)
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Deputado Filipe Martins (PL)
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Deputado Lázaro Botelho (PP)
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Deputado Ricardo Ayres (Republicanos)
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Deputado Vicentinho Júnior (PP)
Não votaram:
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Senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil)
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Senador Irajá (PSD)
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Deputado Alexandre Guimarães (MDB)
VETO SOBRE O FUNDO PARTIDÁRIO TAMBÉM FOI DERRUBADO
Além das mudanças no setor elétrico, a bancada também apoiou a derrubada do veto que limitava o reajuste do Fundo Partidário. Com isso, os partidos políticos vão receber um adicional de R$ 164,8 milhões, elevando o valor total do fundo para mais de R$ 1,3 bilhão neste ano.
O Tribunal de Contas da União (TCU) e órgãos de controle haviam alertado para o impacto fiscal da medida.
CRÍTICAS DO SETOR ELÉTRICO
A decisão gerou forte reação de entidades ligadas ao setor elétrico. A FNCE classificou a medida como um “retrocesso” e afirmou que pretende acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter os efeitos da nova legislação.
“O Congresso torna-se responsável pelo aumento na conta de luz dos brasileiros e por instalar o caos definitivo no setor elétrico”, disse a entidade em nota oficial.
IMPACTO PODE SER AINDA MAIOR
Outros vetos ainda estão pendentes de análise. Caso também sejam derrubados, o impacto financeiro total pode chegar a R$ 545 bilhões até 2050, com aumento de até 9% nas tarifas de energia elétrica em todo o país.
Entre os itens que ainda aguardam votação estão a prorrogação de usinas a carvão e novos subsídios para energia solar.