A comunidade indígena poderá ter a chance histórica de ter um representante tocantinense no Congresso Nacional, isso porque um filho do povo Karajá Xambioá se prepara para colocar seu nome à disposição da disputa por uma vaga na Câmara Federal.
Nascido e criado na Aldeia Kurehê, terra indígena localizada no município de Santa Fé do Araguaia, Avanilson Karajá (IDADE) deixou a aldeia aos 13 anos para morar em Araguaína. Tendo a educação como seu ponto de partida o jovem dividiu a vida entre os estudos e a saudade de casa e morando no bairro JK, concluiu o Ensino Médio na rede pública de ensino.
Avanilson avançou nos estudos, conquistou vaga no curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Tocantins, em Palmas e foi nessa fase que mais despertou o seu interesse em lutar pelos direitos do seu povo.
PRIMEIROS PASSOS NA POLÍTICA
Foi na universidade que o jovem indígena deu o primeiro passo na política institucional. Em 2016, disputou uma vaga de vereador em Araguaína. Mesmo sem estrutura e com poucos recursos, surpreendeu ao conquistar quase 300 votos, resultado que demonstrava a força de uma liderança que ainda estava só começando.
PRESENÇA MARCANTE NO TOCANTINS
"Nunca neguei minhas raízes, tenho orgulho de dizer que sou indígena", afirma Avanilson destacando que nunca vacilou nas oportunidades que teve de se engajar em projetos e ações que beneficiassem seu povo.
Ao longo dos últimos anos, Avanilson tem acumulado experiência em diversas entidades e conselhos estratégicos. Já foi presidente da União dos Estudantes Indígenas do Tocantins, diretor da Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins e conselheiro do Conselho Estadual de Meio Ambiente, integrou o Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena, no Fundo Indígena da Amazônia Brasileira e no Distrito Sanitário Especial Indígena, onde ajudou a mobilizar comunidades em pautas de saúde e cidadania.
AMPLIANDO HORIZONTES
A trajetória de Avanilson não se limitou apenas ao ativismo estadual, ele partiu do cenário tocantinense, ampliou horizontes e atuou no Conselho Nacional de Meio Ambiente
Avanilson tomou ainda mais gosto pela causa e desde então sua atuação política e social só avançou. Foi eleito coordenador tesoureiro da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), entidade que representa mais de 800 mil indígenas no Brasil. O cargo abriu portas para que se tornasse uma das principais vozes indígenas do país.
UMA VOZ ECOANDO NO MUNDO
Com o trabalho consolidado na COIAB e em diversas articulações pelo Brasil, Avanilson ultrapassou fronteiras. Em 2019, discursou na sede da ONU, em Genebra, levando ao mundo a realidade e os desafios vividos pelos povos originários.
Nos anos seguintes, participou das Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Esteve na COP28, em Dubai, e na COP29, em Baku, sempre defendendo o futuro da Amazônia, a justiça climática e a preservação dos territórios indígenas.
POSSÍVEL CANDIDATURA
Hoje, Avanilson ocupa o cargo de Diretor do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas, no Ministério dos Povos Indígenas. Seu nome começa a ser cogitado como uma das principais novidades para a eleição de 2026 à Câmara Federal pelo Tocantins.
Aliados e apoiadores veem nele uma chance de renovação política. Para muitos, Avanilson representa a força de uma geração que não aceita mais invisibilidade e quer transformar a realidade com coragem e responsabilidade.
"Quando eu clamo por representatividade é disso que eu tô falando. O povo indígena precisa de cara, de voz que ecoe, de alguém que fale com propriedade, que conheça a realidade do nosso povo mas acima de tudo que tenha coragem de cobrar, de agir, de propor", observa
COMPROMISSO COM SEU POVO
Avanilson aponta para o cenário político tocantinense e destaca a força dos povos indígenas: "Somos muitos e podemos ser mais fortes, porque o poder de mudar o rumo de uma história está na ponta do dedo na hora de votar. Eu coloco meu nome à disposição e não tenho dúvidas de que estou preparado pra essa missão. São anos dedicados a Estudos, a projetos que alcançam meu povo. Isso não é simplesmente uma vontade é um desejo genuíno de fazer a diferença".
