O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva estava em Portugal quando recebeu a notícia da morte de seu ex-vice José Alencar. Em um aparecimento conjunto com a presidente Dilma Rousseff, Lula chorou e disse que dedicará ao político o título honoris causa que receberá da Universidade de Coimbra.
Lula iniciou o pronunciamento dizendo que não tinha muito que falar e classificou o momento como de "muita dor e muito sofrimento". O ex-presidente relembrou seu mandato junto a Alencar e Dilma e afirmou que a relação dos dois não era de vice e presidente e sim de "irmãos e companheiros".
O ex-presidente, que estava visivelmente emocionado, precisou interromper seu discurso em várias ocasiões. Lula disse que falou com Alencar antes de embarcar para Portugal. "Ele disse que estava bem, que estava em casa e que ele sabia que, do ponto de vista clínico, ele não tinha mais muita expectativa, mas como era um homem de fé, ele tinha esperança que a fé em Deus iria ajudá-lo", lembrou Lula.
"É muito fácil a gente falar das pessoas depois que morrem porque todo mundo fica bom depois que morre, mas o José Alencar era bom em vida", disse Lula.
O ex-presidente ainda ressaltou a importância de Alencar em sua campanha. "Todo mundo sabe que eu perdi muitas eleições no Brasil, todo mundo sabe que eu tinha 30%, 34%, 32%, 33% e eu precisava encontrar restante, e o restante eu encontrei no José Alencar".
Sobre o ex-vice-presidente, Lula disse que era "um homem de dimensão extraordinária" que tinha um otimismo que chegava a dar inveja. "Poucos seres humanos têm a alma de José Alencar", afirmou.
Lula, que só chegaria a Coimbra amanhã, se deslocou para a cidade para fazer uma declaração sobre a morte do ex-vice. A presidente, que ficaria no país até o dia 31 de março, adiantou seu regresso ao Brasil para quarta-feira, 30, para estar presente no enterro. A petista afirmou ainda que o velório acontecerá no Palácio do Planalto, em Brasília.
Alencar morreu às 14h41 desta terça no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em decorrência de câncer e falência de múltiplos órgãos. O ex-vice havia sido internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na segunda-feira, com um quadro de suboclusão intestinal, em "condições críticas".
Alencar enfrentava câncer desde 1997
O empresário mineiro e ex-vice-presidente da República José Alencar morreu às 14h41 desta terça-feira, aos 79 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. De acordo com nota oficial da instituição, Alencar morreu em decorrência de câncer e falência de múltiplos órgãos. Ele lutava contra a doença desde 1997. Ao todo, foi submetido a 17 cirurgias nos últimos 13 anos.
O ex-vice-presidente foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na segunda-feira, com um quadro de suboclusão intestinal, em "condições críticas". Ele havia recebido alta em 15 de março, após uma internação de mais de um mês na instituição devido a uma peritonite (inflamação da membrana que reveste a cavidade abdominal) por perfuração intestinal.
Alencar nasceu em 17 de outubro de 1931 em um povoado às margens de Muriaé, cidade de 100.063 mil habitantes no interior de Minas Gerais. Ele era casado com Mariza Campos Gomes da Silva, com quem teve três filhos.
Em 1967, em parceria com o empresário e deputado Luiz de Paula Ferreira, fundou, em Montes Claros (MG), a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), hoje um dos maiores grupos industriais têxteis do País. Estabelecido no setor empresarial, candidatou-se para o governo de Minas em 1994 e, em 1998, conquistou uma vaga no Senado Federal por Minas Gerais. Elegeu-se vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, tendo sido reeleito junto com o petista em 2006. (Do Terra)