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HOMOFOBIA

Deputado Jair Bolsonaro inicia campanha contra “kit gay”

01 setembro 2011 - 09h47
O deputado Jair Bolsonaro, que se livrou, pouco antes do recesso parlamentar, de responder a processos no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar, afirmou nesta quarta-feira que vai continuar sua “campanha” contra a distribuição de materiais anti-homofobia a alunos de escolas públicas. Em entrevista ao Portal da Band, o deputado afirmou que será distribuído pela SDH (Secretaria de Direitos Humanos) um material – chamado por ele de kit gay 2 – “que é muito pior do que o primeiro”.

Vão botar no livro a temática da família homossexual. Eles vão botar no livro dois ‘barbudos’ e um menininho. Duas lésbicas e uma menininha”, ironizou. Bolsonaro afirmou ainda que vai criar a “campanha faça uma fogueira na sua escola”, incentivando os alunos a queimarem o material anti-homofobia. Segundo o deputado, se o material fosse distribuído em faculdades, ele não se oporia. Mas “se vão distribuir no primeiro grau não vão contar com o meu apoio”, declarou.

Ainda segundo Bolsonaro, “eles [Secretaria] vão, via livro didático, contra a heteronormatividade, eles vão tirar da cabeça da garotada que papai é aquele homem de calça e a mamãe é de saia”, afirmou. Para ele, os alunos de escolas públicas, que “já não têm condições de pagar uma escola particular vão ter aula de como ser homossexual é bom”, declarou.

“Confusão”
Segundo Bolsonaro, essas ações constam nas diretrizes da 2ª Conferência Nacional da Promoção da Cidadania e Direitos LGBT, que foi anunciada no Diário Oficial da União no último dia 4 de julho. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Direitos Humanos afirmou ainda que o deputado se equivocou.

O deputado faz uma grande confusão. Não há nenhum kit, nem material preparado para distribuição em escolas públicas. Toda a parte que foi publicada no Diário Oficial de conteúdo faz parte de uma diretriz da Conferência que será realizada em dezembro”, afirmou a assessoria de imprensa da pasta. “A Conferência é um espaço de discussão e recebimento de diretrizes para políticas públicas. Não temos como antecipar o que será discutido, uma vez que as etapas locais estão ocorrendo e são elas quem deliberam o que será trazido a Brasília”, completou.

Sobre a “campanha” que o deputado afirmou que vai começar, a Secretaria afirmou que “o governo não se posiciona sobre as declarações do deputado Bolsonaro”.

Preconceito
Pouco antes de entrar em recesso, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados livrou Bolsonaro de responder por quebra de decoro parlamentar, após ser acusado de ter feito declarações de cunho racista e homofóbico. “Foi dez a sete [o resultado da votação], eu achava que seria absolvido com um placar maior. Se fizesse uma pesquisa com a população daria pelo menos 90% a meu favor”, declarou.

Segundo o deputado, “tem gente pregando que isso [homossexualidade] é motivo de orgulho. Nenhum pai tem orgulho de ter filho homossexual”. Para Bolsonaro, “se defender a família é ser preconceituoso eu vou ser sim, sou quadrado”, completou.

A polêmica
No programa CQC, da Band, Bolsonaro participou do quadro “O povo quer saber”, em que responde a perguntas feitas pela população e personalidades.

Questionado pela cantora Preta Gil sobre o que faria se um filho seu se apaixonasse por uma negra, Bolsonaro respondeu que não iria “discutir promiscuidade” e que seus filhos não correriam esse risco porque “foram muito bem educados”. O programa foi ao ar no dia 28 de março. Na ocasião, ele também respondeu perguntas em relação aos homossexuais.

No dia 29 de março, Bolsonaro se defendeu à tribuna da Câmara e disse que se confundiu. Em nota, ele afirmou ter entendido que a pergunta se referia a homossexuais.

No dia 4 de abril, Bolsonaro apareceu novamente no programa, desta vez para se explicar sobre as declarações que fez na edição anterior. Na ocasião ele voltou a afirmar que não entendeu a pergunta de Preta Gil.(Do Band Notícias)