A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou o julgamento virtual confirmando, por unanimidade, a liminar que devolveu o comando do Tocantins ao governador Wanderlei Barbosa. O placar de 5 a 0 consolidou o voto do relator, Nunes Marques, seguido por Gilmar Mendes, Luiz Fux, André Mendonça e Dias Toffoli. Na prática, a decisão garante a permanência do governador enquanto o mérito do habeas corpus segue pendente.
O julgamento analisou a contestação apresentada pela defesa após o afastamento imposto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) na Operação Fames-19, que apura suspeitas de desvios em contratos de cestas básicas no período da pandemia. Para Nunes Marques, não existe base probatória contemporânea para sustentar uma medida tão extrema às vésperas de um ano eleitoral. Fux reforçou a tese ao destacar que o Ministério Público Federal manifestou-se duas vezes contra o afastamento.
REAÇÃO NAS RUAS
A decisão provocou celebrações do governador, de aliados e apoiadores. Em Araguaína, um morador do bairro São João viralizou ao tatuar o rosto de Wanderlei no braço. A imagem circulou rapidamente, dividiu opiniões e expôs o clima político polarizado. Pessoas próximas afirmam que ele seria eleitor de Marcus Marcelo, mas o autor preferiu não explicar a escolha.
O gesto ganhou destaque como símbolo da fidelidade de parte do eleitorado que viu na decisão do STF uma vitória pessoal, quase um troféu político.
MAIS PREVISTO DO QUE SURPREENDENTE
Antes do encerramento do julgamento, o ex-senador Ataídes de Oliveira já havia antecipado o desfecho. Em análise publicada nas redes, ele afirmou que, tecnicamente, não havia argumentos sólidos para derrubar o afastamento determinado pelo STJ. Segundo ele, tanto a Constituição quanto a jurisprudência e a gravidade dos fatos apontariam para a manutenção da medida.
No entanto, Ataídes separou a técnica da política. Para ele, a arena institucional de Brasília funciona movida também por "pressões subterrâneas", articulações silenciosas e interesses que escapam ao olhar público. E, segundo sua avaliação, esses fatores conduziriam inevitavelmente à recondução do governador.
ATAÍDES E O DIAGNÓSTICO DA REALIDADE
Ataídes afirmou que ministros como Fux, Toffoli, Mendes e Mendonça tinham, sob o ponto de vista jurídico, fundamentos suficientes para manter o afastamento. Ainda assim, previu a unanimidade a favor do relator. Para justificar sua leitura, evocou quatro décadas de advocacia, oito anos de Senado e o acompanhamento interno do funcionamento das instituições.
Ele classificou o resultado como previsível e triste, sustentando que a técnica seria novamente derrotada pela política. Alertou ainda que, enquanto a disputa jurídica segue aberta no STJ, o Tocantins permanece em clima de incerteza, aguardando o julgamento que realmente definirá o futuro do caso.
CENÁRIO AINDA EM ABERTO
Com o retorno de Wanderlei ao cargo, aliados comemoram, adversários se reorganizam e o ambiente político permanece em tensão. A vigência da liminar estabiliza o governo apenas no curto prazo. O julgamento definitivo no STJ continua sendo o fator central para o desfecho de uma crise que já se arrasta há meses e que, segundo Ataídes, ainda expõe um distanciamento desconfortável entre discurso institucional e prática política.


Antes do encerramento do julgamento, o ex-senador Ataídes de Oliveira já havia antecipado o desfecho. - Crédito: Colagem Portal O Norte


