A urina é algo absolutamente normal para o corpo humano: com maior ou menor frequência, com alguma diferença na coloração, todos nós fazemos isso. Então o que teríamos de curioso — ou megacurioso — para falar sobre ela? Bom... Bastante coisa! Para começar, os exames de urina comprovam que dá para descobrir muita coisa sobre uma pessoa analisando o xixi dela. Mas, além disso, esse líquido tão comum já realizou diversas contribuições para a sociedade.
1. A urina foi usada como antisséptico por séculos
Antes da medicina moderna, com seus remédios avançados e tecnologias, algumas soluções bem diferentes precisavam ser utilizadas. É o caso do aproveitamento da urina como antisséptico para lavar feridas e machucados, que vem desde a antiguidade.
Há escritos do autor italiano Plínio, o Velho, do século I D.C. recomendando uma mistura de urina com cinzas de conchas de ostras para erupções na pele de crianças. Na época da Renascença, outro médico fez xixi na cara de um soldado que havia perdido o nariz, antes de reimplantá-lo.
Embora o líquido realmente tenha propriedades bactericidas, principalmente por conta da ureia, nós temos antissépticos bem mais eficazes (e menos nojentos) hoje em dia.
2. A urina era utilizada para lavar roupas em Roma
Hoje em dia, se você (ou, pior, outra pessoa) fizer xixi na sua roupa, você vai querer trocá-la imediatamente, já que está suja. Mas, na Roma do século I, o líquido era usado como uma espécie de sabão líquido para lavar roupas.
A associação até que faz bastante sentido. Isso porque a urina tem bastante amônia — substância que, inclusive, é a maior responsável pelo cheiro de xixi. A amônia também está presente em grande quantidade nos produtos de limpeza.
Por isso, as lavanderias de Roma canalizavam a urina dos banheiros públicos e deixavam-na envelhecer por três dias, antes de amassar as roupas no líquido. Depois, os tecidos eram enxaguados em água, antes de serem vestidos novamente.
3. A urina era utilizada em armas de guerra
Além de amônia, outra substância que a urina tem de sobra é nitrato de potássio — ou salitre, que é um dos principais ingredientes da pólvora. Durante séculos, o principal suprimento dessa substância eram minas na Índia e na Espanha. A Europa, que vivia em guerra, precisava de cada vez mais salitre — até que alguém descobriu que os restos de dejetos em estábulos eram repletos da substância.
A partir daí, a população foi chamada para urinar nesses locais, armazenar sua urina em frascos e várias outras iniciativas para coletar essa importante arma de guerra. Depois, o salitre sintético seria inventado, diminuindo a busca desenfreada por xixi.
4. A urina de freiras na menopausa foi utilizada em remédios para infertilidade
Na década de 1940, cientistas de um laboratório farmacêutico italiano descobriram que duas substâncias extraídas da urina de mulheres na menopausa poderiam auxiliar em casos de infertilidade. Alguns anos depois, o laboratório pretendia começar os testes clínicos em grande escala do medicamento. Só havia um problema: conseguir milhares de litros de urina de mulheres na menopausa para produzir as doses.
A solução veio de uma fonte bem inusitada: o Vaticano. Isso porque um dos diretores do laboratório era sobrinho do Papa Pio XII. O Santo Padre pediu às freiras de meia-idade de toda Itália que coletassem sua urina diariamente para auxiliar no desenvolvimento do remédio. O Menopur está no mercado até hoje.
5. A urina foi utilizada na primeira dose de penicilina
A invenção da penicilina é um dos avanços mais importantes da história da medicina e a urina está envolvida nisso também! A americana Anne Miller recebeu a primeira dose de penicilina da história, em 1942 — e a substância foi extraída de sua própria urina.
Isso aconteceu logo depois da descoberta da penicilina, quando produzi-la de forma sintética ainda era um processo extremamente caro e demorado. Como Miller estava com septicemia, correndo grandes riscos, seus médicos decidiram "pegar um atalho" e produzir uma dose do antibiótico a partir dos próprios dejetos da mulher.
A estratégia funcionou e a penicilina continuou sendo extraída do xixi, até que pudesse ser fabricada em escala industrial, nos anos seguintes.
6. A urina é usada para manter astronautas hidratados
Não estamos falando de beber a urina em estado natural — algo que algumas pessoas fazem —, mas sim de reaproveitar os dejetos e filtrá-los até que eles voltem a ser água potável. Esse é um ambiente comum em missões espaciais, onde o líquido vital é bem escasso, como na Estação Espacial Internacional.