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REPERCUSSÃO

Dados indicam que doses vencidas da AstraZeneca foram aplicadas no TO; cidades negam

02 julho 2021 - 18h48Por Com informações do G1

Os pesquisadores Sabine Righetti, da Unicamp, e Estêvão Gamba, da Unifesp, apontaram em um levantamento publicado pela "Folha de S. Paulo" que ao menos 26 mil pessoas podem ter recebido doses vencidas da vacina AstraZeneca contra a Covid-19 em todo o Brasil. No Tocantins, os doses teriam sido aplicadas em 537 pessoas de 24 municípios. As prefeituras negam o problema e atribuem o achado do levantamento a uma falha dentro do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os dados, aos quais o G1 também teve acesso, indicam que o problema ocorreu com doses de oito lotes da vacina.

O Ministério da Saúde disse que todas as doses são enviadas dentro do prazo e que, caso aplicações fora do período ocorram, é preciso passar por uma nova aplicação "respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses".

De acordo com o levantamento, foram aplicadas 25.935 doses fora do prazo em pelo menos 1.532 cidades. Na lista, a cidade do Tocantins com mais doses supostamente vencidas é Aparecida do Rio Negro: 313. A Secretaria de Saúde de Aparecida do Rio Negro informou que recebeu apenas 30 doses dos lotes citados no levantamento e que todas foram aplicadas no começo de fevereiro em profissionais de saúde.

Em segundo lugar está Miracema do Tocantins, com 59 doses. A Prefeitura da cidade negou a situação e disse que os lotes citados pelos pesquisadores foram utilizados entre fevereiro e março, como primeira dose para os trabalhadores da saúde e que não têm risco de terem sido aplicados após o vencimento. Disse ainda que revisou os lotes em estoque e não há doses próximas do vencimento na cidade.

Na capital, o levantamento aponta aplicação de doses vencidas em quatro locais, somando 39 doses em toda a cidade. A Prefeitura de Palmas também ainda não se manifestou.

A Prefeitura de Araguaína, garantiu em nota que nenhum araguainense recebeu doses vencidas da vacina contra a covid-19. "No dia 29 de janeiro, o Município recebeu a primeira remessa de vacinas Astrazeneca/Fiocruz, 2.340 doses com lote: 412Z004 e validade para 13/04/2021. Todas as doses foram aplicadas no mês de fevereiro. Uma segunda remessa com 780 doses do mesmos lote e validade foi recebida no dia 1° de março, e todas aplicadas no mesmo mês", diz a nota. 

Ainda na nota, a prefeitura esclarece que o processo de recebimento e entrega de doses pelo Município é acompanhado por meio de notas fiscais eletrônicas e passa diariamente por um rigoroso controle, para que nenhuma dose seja perdida. "Além disso, todos os registros nos cartões de vacinação dos cidadãos possuem a validade da vacina recebida descrita, assim como data de aplicação, lote, fabricante, assinatura do vacinador e local de aplicação", pontuou.

Outras cidades por todo o país também negaram o problema e atribuíram os dados a erros de preenchimento nas tabelas do sistema do SUS. O Conselho de Secretaria Municipais de Saúde do Tocantins (Cosems - TO) disse que conseguiu localizar oito das 24 prefeituras citadas no levantamento e que todas elas negaram ter aplicado vacinas fora do prazo. Segundo a nota, os municípios se disponibilizaram a esclarecer individualmente as situações com os usuários. O Cosems não informou quais as cidades já localizadas.

O Ministério

O Ministério da Saúde diz que "caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses". Além disso, ainda segundo a pasta, "o vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local".

O lote da vacina é uma informação que deve constar no comprovante de aplicação.

De acordo com Sabine Righetti, uma das autoras do levantamento, as informações são do DataSUs e da Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE). A equipe analisou a data de vencimento dos lotes de vacina que ainda estavam sendo ministrados no Brasil. Primeiro, foram encontrados 8 lotes da AstraZeneca que já venceram. Depois, esse dados foram cruzados com as datas de aplicação informadas. Ainda, de acordo com a pesquisadora e jornalista, esses são os únicos lotes que já passaram da validade no país.