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Centenas de acidentes com aranhas no Tocantins acendem alerta; veja como se proteger

26 novembro 2023 - 19h02

No Tocantins, foram registrados 342 casos de acidentes com aranhas entre janeiro a novembro deste ano. Os dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO), mostram que apenas em novembro tiveram 69 casos. O número de ocorrências já é maior que em todo ano de 2022, onde foram registrados 304 casos.

A bióloga e aracnóloga, professora Kássia Madaleno, explicou em entrevista ao G1 sobre os tipos de aranhas encontradas no Estado. Segundo ela, a araneofauna tocantinense possui mais de 135 famílias já identificadas, mas que pode haver ainda mais. As famílias, em termos biológicos, significa que esses animais possuem características morfológicas similares, ou seja, nesse caso seriam aranhas com características físicas similares.

Dentre essas famílias, apenas três tipos de aranhas são classificadas como de 'interesse médico'. Essa nomeclatura corresponde a animais que "possuem capacidade de acidentes letais ou são usadas como matéria prima na produção de diversos medicamentos".

"Temos a família Sicariidae que tem as famosas aranhas marrons. No nosso estado até o momento foi encontrado apenas uma espécie de aranha marrom a Loxosceles amazônica. Já da família de Ctenidae tem a Phoneutria eickstedtae, conhecida populamente como aranha armadeira, e na família das Theridiidae tem a conhecida como viúva marrom a Latrodectus geometricus", disse a bióloga.

A professora também explica que apesar dessas três espécies serem encontradas no estado, os casos de acidentes que levam a óbito são baixos. "A maioria dos acidentes podem ser tratados se a pessoa procurar logo o pronto atendimento. É recomendado, sempre que possível, levar o animal que lhe picou para facilitar a identificação e melhor forma de tratamento".

Casos investigados

Neste mês, o cantor de forró Darlyn Morais, de 28 anos, morreu após a picada de uma aranha, segundo a família. Segundo informações da esposa, o cantor chegou ser internado após passar mal e parte do rosto começar a escurecer. O caso de picada ainda é tratado como suspeita, já que o laudo sobre a causa da morte ainda não foi divulgado.

A enteada de Darlyn, Jhullyanny Lisboa Alves da Silva, de 18 anos, também foi picada por uma aranha
 e chegou a ser internada e tomar o soro antiaracnídico. A mãe da jovem disse que "ela amanheceu com uma manchinha no pé". Ainda segundo a mãe, uma aranha foi encontrada na cama.

O caso mais recente foi da professora  Ennyla Vitória Sousa, que ficou com o pé inchado após a picada. Ela disse que tudo começou com uma bolha no pé esquerdo. Depois de um tempo o "pé já estava bastante necrosado". A professora procurou o hospital e contou que descobriu "pelo veneno que era aranha marrom". A SES informou que o caso será investigado pelas equipes de saúde de Araguaína.

A bióloga explica que nos casos de picada da aranha-marrom, o primeiro dia é marcado pelo surgimento de uma bohla branca. "No primeiro dia é somente uma pequena bolha branca como as de picadas de formigas. Após três dias é possível observar uma vermelhidão e uma breve infecção. Com o passar dos dias a pele começa a entrar em processo de necrose, fica preto e por dentro está uma grande infecção".

O que fazer quando encontrar um aranha?

"Não mate", essa é uma das orientações, já que a aranha é um animal importante para a ecossistema. O recomendado é que ela seja capturada com o auxílio de algum objeto que não permita o contato direto com o animal.

Segundo a bióloga, inseticidas não funcionam com elas, pois são aracnídeos, não insetos, e a utilização desse inseticidas vai somente irritá-las. Também é recomendado que a pessoa não esmague ou coloque fogo na aranha. "Se não estiver se sentido seguro para capturar com um pote, se acalme e não mexa com o animal, pois logo ele sairá da casa por conta própria".

Aranhas não atacam

As aranhas não são consideradas agressivas e não costumam atacar por conta própria. Kássia explica que a maioria dos acidentes acontece por falta de atenção das pessoas, como ao calçar um sapato, por exemplo.

"A ação mais comum é quando calça sapatos sem verificar se têm aranhas dentro, vestir roupas antes de verificar, ou quando o animal está no corpo da pessoa e para tentar se defender a pessoa o esmaga contra a própria pele. Por exemplo, a aranha marrom não possui força para introduzir a peçonha [veneno] sozinha. Só acontece quando ela é pressionada no corpo, causando o acidente".

Como evitar o aparecimento de aranhas em casa?

Chuvas e queimadas são fatores que contribuem para o aparecimento desses animais em casa. Com o habitat destruído, as aranhas passam a procurar abrigo e alimentos como insetos. Para evitar o surgimento desses animais em casa, a professora orienta:

  • Evitar luzes acesas na área externa, para evitar insetos e automaticamente evitar aranhas na casa;
  • Não provocar queimadas e incêndios ilegais
  • Dependendo da área e espaço, a pessoa pode criar galinhas (de forma legal conforme a legislação municipal), já que são animais que se alimentam de aranhas e também escorpiões.

*G1 Tocantins