O astigmatismo trata-se de um defeito na curvatura da córnea, uma estrutura transparente que recobre os olhos e funciona mais ou menos como o tampo de vidro de um relógio. Em pessoas com a visão boa, a córnea tem um formato esférico. Se ela apresenta deformações, nós tendemos a enxergar borrões nos objetos — ou eles podem ficar duplicados. Esse é o astigmatismo. Para lidar com a questão, o indivíduo pode recorrer a óculos, lentes ou mesmo a uma cirurgia.
Na maioria das vezes, o quadro surge em pacientes com histórico familiar ou que coçam muito os olhos. Ele pode dar as caras desde o nascimento, ou surgir ao longo da vida. Não raro, seus sintomas vêm acompanhado de outros problemas visuais, como miopia e hipermetropia.
Como uma pessoa que tem astigmatismo enxerga?
Para entender a visão de um astigmático, é necessário destrinchar a estrutura do olho. Ao olharmos para algum objeto, feixes luminosos atravessam nossa córnea e chegam até a retina, no fundo do globo ocular. Lá, eles se transformam em um impulso elétrico que é levado ao cérebro para que aquela “informação” seja traduzida como uma imagem. É assim que nós enxergamos tudo o que está ao redor.
“Quando a córnea não tem uma curvatura ideal, o feixe luminoso proveniente do mundo exterior se espalha e forma um pequeno borrão no fundo do olho, ao invés de incidir em um único ponto”, explica o oftalmologista Miguel Ângelo Padilha, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) e diretor do Departamento de Oftalmologia do Colégio Brasileiro de Cirurgiões – Rio de Janeiro.
Por isso, portadores de astigmatismo não enxergam as coisas com 100% de nitidez. Os objetos ficam borrados ou até duplicados, como os famosos “fantasmas” de televisões antigas. Em um livro, por exemplo, algumas letras são legíveis e outras, não.
“O paciente começa a ter sintomas como dor de cabeça, coceira e cansaço visual, porque sente desconforto”, relata Padilha.
Tipos de astigmatismo
Essa condição é classificada como regular ou irregular. No astigmatismo regular, a córnea tem um formato oval. Lembre-se de que essa estrutura deveria ser esférica. Já no irregular, a deformação é muito desigual, como se estivesse amassada.
Como funciona o diagnóstico
Para detectar a doença, o oftalmologista faz um teste de visão, no qual o paciente tenta ler letras e números de vários tamanhos projetadas na parede. É um exame parecido com o que detecta a miopia e a hipermetropia.
“Se ele tiver astigmatismo, certamente não vai conseguir. Usando um equipamento chamado autorrefrator, descobrimos o eixo da curvatura defeituosa para definir o tratamento”, conta Padila.
Astigmatismo tem cura? Conheça o tratamento
Entre as opções, temos os tradicionais óculos e as lentes de contato. Esses itens basicamente compensam o problema com uma curvatura especial.
E, até um determinado grau de defeito na curvatura da córnea, o médico pode resolver definitivamente o astigmatismo com uma cirurgia a laser.
“É como se fosse a calota de um automóvel. Com o laser, nós desamassamos a córnea de tal maneira que conseguimos transformá-la em esférica”, raciocina o oftalmologista.
Dá para prevenir?
Infelizmente, não existe uma receita pronta para prevenir todos os casos. Mas dá para reduzir um pouco o risco se você não ficar coçando o olhos.
No mais, fique atento aos sintomas e à qualidade da sua visão. Quanto antes você detectar o astigmatismo (ou outras condições), mais fácil fica de lidar com ele.