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VAQUEIRO É SUSPEITO

Garoto indígena é marcado com ferro de gado no TO; polícia investiga

30 abril 2025 - 11h38Por Da Redação

Um adolescente indígena de 15 anos, da etnia Javaé, sofreu queimaduras de segundo grau após ser agredido com um ferro de marcar gado em uma propriedade localizada na Ilha do Bananal, região sul do Tocantins. O caso aconteceu na segunda-feira (28 de abril), próximo à aldeia Barreira Branca, no município de Sandolândia, e está sendo investigado pela Polícia Civil.

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AGRESSÃO ACONTECEU DURANTE MARCAÇÃO DE BEZERRA

De acordo com a família do jovem, ele havia sido enviado pelo pai para ajudar na marcação de uma bezerra em uma fazenda no local conhecido como Retiro Moita Verde. Segundo relato da tia, Ana Fátima Mahiru Karajá, o adolescente estava apenas segurando o animal quando foi marcado de forma intencional por um vaqueiro com o mesmo ferro usado no gado.

"Meu sobrinho estava segurando a bezerra com o tio dele, e esse homem veio, marcou o animal e depois encostou o ferro nas costas do menino", contou Ana.

VÍTIMA ESCONDEU O MACHUCADO POR HORAS

A agressão não foi relatada de imediato. O adolescente retornou à aldeia sem comentar o ocorrido com a mãe. Somente à tarde, com a dor se intensificando, pediu ajuda e revelou que havia sido queimado nas costas. A marca deixada pelo ferro formava o número 5 de ponta-cabeça, conforme mostram imagens divulgadas pela família.

Ele foi levado ao Hospital Municipal de Araguaçu, onde recebeu atendimento médico. A Secretaria Especial de Saúde Indígena informou que o jovem está sendo acompanhado por equipe médica e psicóloga.

INVESTIGAÇÃO EM ANDAMENTO 

A 84ª Delegacia de Polícia de Formoso do Araguaia está responsável pela apuração do caso. Até o momento, o nome do vaqueiro suspeito da agressão não foi divulgado.

Conforme a Polícia Civil, o ataque ocorreu sem discussão ou provocação prévia, de maneira repentina, enquanto o jovem ajudava no manejo do rebanho. Ainda não há confirmação se o gado era de propriedade indígena ou da fazenda em questão.

"RACISMO E TORTURA"

O Instituto dos Caciques e Povos Indígenas da Ilha do Bananal (ICAPIB) divulgou uma nota de repúdio à agressão, classificando o ato como racismo, tortura e crime bárbaro. A organização também apontou que esse tipo de violência reflete o racismo estrutural vivido pelos povos originários.

“Tratar um jovem indígena como se fosse um animal, usando instrumentos de tortura, é inadmissível. Isso é crime. Isso é racismo. Isso é tortura”, diz a nota.

O ICAPIB cobrou das autoridades investigação imediata, punição dos responsáveis e medidas para garantir que casos semelhantes não se repitam.

GOVERNO ACOMPANHAM O CASO

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) confirmou que está acompanhando o caso por meio da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). A Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais informou que, até o momento, não há registro de outras ocorrências parecidas na região.

O episódio gerou grande repercussão entre lideranças indígenas e entidades de direitos humanos, que consideram o ato uma forma de violência simbólica e institucional contra povos indígenas.

Íntegra da nota do ICAPIB

O Instituto dos Caciques e Povos Indígenas da Ilha do Bananal (ICAPIB) vem a público expressar seu mais profundo repúdio e indignação diante de mais um ato de violência contra o povo indígena Javaé.

Na manhã desta segunda-feira, 28 de abril de 2025, nas proximidades da Aldeia Barra do Rio Verde, um jovem indígena foi covardemente marcado com ferro quente durante uma ação de marcação de gado que ocorria dentro da Terra Indígena.

Esse crime bárbaro, cometido dentro do nosso próprio território, causou nesse jovem queimaduras de 2° grau e profundas marcas físicas e psicológicas.

Tratar um jovem indígena como se fosse um animal, usando instrumentos de tortura, é inadmissível. Isso é crime. Isso é racismo. Isso é tortura.

Essa violência fere não apenas a vítima e sua família, mas atinge toda a comunidade indígena e representa um ataque à dignidade de nossos povos. Não se trata de um caso isolado, mas sim do reflexo do racismo estrutural e da tentativa sistemática de desumanizar e silenciar os povos originários. Mas não nos calaremos!

O ICAPIB exige a imediata investigação dos fatos, a responsabilização dos autores desse crime covarde e providências urgentes para que esse tipo de violência não se repita.

Violência contra um jovem indígena é violência contra toda a humanidade.

Queremos justiça! Queremos respeito! Queremos dignidade!

JUSTIÇA JÁ!

POR TODA A NOSSA JUVENTUDE INDÍGENA!

POR TODAS AS VIDAS INDÍGENAS!

Formoso do Araguaia – TO, 28 de abril de 2025