A Polícia Civil do Tocantins concluiu, nesta terça-feira (29), a primeira fase da Operação Via Avaritia, deflagrada em 2019, que investigou crimes contra a administração pública estadual. O inquérito aponta o envolvimento de 26 pessoas, incluindo o ex-governador Mauro Carlesse (Agir), no desvio de mais de R$ 10,3 milhões por meio de contratos fraudulentos.
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Os crimes identificados envolvem fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
CONTRATOS FRAUDULENTOS
Segundo a investigação, os valores desviados eram oriundos de contratos públicos para a manutenção e conservação de imóveis do Estado. O dinheiro, em vez de ser utilizado nas obras, era redirecionado aos próprios investigados por meio de empresas de fachada, que serviam para dissimular a origem ilícita dos recursos.
O esquema criminoso operava não apenas no Tocantins, mas também em outros estados, como o Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina.
ENVOLVIMENTO DE AGENTES PÚBLICOS
Entre os indiciados, estão quatro ex-secretários de Estado, sete servidores públicos estaduais, empresários e pessoas ligadas ao alto escalão da gestão da época. A polícia também apontou indícios de participação direta de Mauro Carlesse no esquema.
Apesar de solicitado, a defesa de Carlesse não respondeu aos questionamentos até a publicação da matéria.
ESTRATÉGIAS PARA ATRAPALHAR A INVESTIGAÇÃO
Durante o inquérito, a Polícia Civil identificou que os investigados utilizaram a estrutura do governo para tentar obstruir a apuração dos fatos. Essa ação motivou a deflagração de uma segunda operação: a Operação Édris, realizada pela Polícia Federal.
Mesmo após a primeira fase da Via Avaritia ser deflagrada, os investigados continuaram autorizando pagamentos ligados aos contratos fraudulentos, ignorando alertas e recomendações de órgãos de controle.
CICLO COMPLETO DE CORRUPÇÃO
A investigação revelou um esquema sofisticado que envolvia:
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Fraudes em processos licitatórios
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Execução irregular de contratos
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Superfaturamento
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Contratos fictícios
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Saques em espécie
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Transferências indiretas de dinheiro
Segundo a polícia, tudo isso compunha um "ciclo completo de corrupção".
Um dos casos identificados chamou atenção: um dos envolvidos teria usado parte dos recursos desviados para pagar o curso de Medicina da filha em uma faculdade particular.
NOVO DESVIO INTERROMPIDO
No momento em que a operação foi deflagrada, o grupo já estava prestes a dar continuidade à segunda ata de registro de preços, com valor global estimado em R$ 2 bilhões. A fraude só não avançou graças à intervenção policial, que interrompeu o processo a tempo.
PARA DISFARÇAR O ESQUEMA
De forma paralela, a gestão estadual criou um grupo com a proposta de "equilíbrio do gasto público", que na prática servia apenas para encobrir as irregularidades e viabilizar o esquema criminoso.
Com a conclusão da primeira fase das investigações, o inquérito será agora encaminhado ao Poder Judiciário, que deve analisar as denúncias formais e dar prosseguimento ao caso.


Polícia Civil concluiu inquérito sobre a primeira fase da operação deflagrada em 2019 - Crédito: Divulgação 


