Influencer foi presa pela Polícia Civil suspeita de ganhos ilícitos com jogos de azar - Crédito: Reprodução Redes Sociais

Mensagens de pessoas que perderam dinheiro em jogos de azar online foram encontradas pela Polícia Civil nas redes sociais da influenciadora Karol Digital. As conversas foram localizadas durante as investigações da Operação FRAUS. Segundo o inquérito, a influenciadora oferecia dicas e vendia mentorias com promessas de ganhos, mas muitos seguidores acumularam prejuízos financeiros.

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PRISÃO EM CONDOMÍNIO DE LUXO

Karol Digital, cujo nome verdadeiro é Maria Karollyny Campos Ferreira, foi presa no dia 22 de agosto deste ano em um condomínio de alto padrão em Araguaína, norte do Tocantins. O namorado dela, Dhemerson Rezende Costa, também foi preso preventivamente. Ambos são investigados por exploração ilegal de jogos de azar, associação criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular.

DEFESA NEGA CRIMES E QUESTIONA INVESTIGAÇÃO

Em entrevista à TV Anhanguera, a defesa do casal negou qualquer envolvimento ilícito e afirmou que “tudo será esclarecido”. A equipe jurídica informou ainda que recorreu ao Supremo Tribunal Federal, argumentando ilegalidades no inquérito e classificando a prisão como “desumana” por causa do estado de saúde da influenciadora.

PROMOÇÃO DE JOGOS

De acordo com a Polícia Civil, Karol usava suas redes sociais, onde soma mais de 1,5 milhão de seguidores, para divulgar jogos de azar por meio de parcerias com diversas casas de apostas. As investigações identificaram que ela continuou postando links mesmo em maio de 2025, quando o Ministério da Fazenda já havia confirmado que as plataformas não tinham autorização para operar no Brasil.

PEDIDOS DE AJUDA FINANCEIRA

Durante as apurações, os investigadores encontraram relatos dramáticos de vítimas que compraram mentorias com Karol e perderam valores altos. Em setembro de 2022, Maria (nome fictício) enviou mensagem afirmando que perdeu R$ 17 mil após seguir as orientações da influenciadora.

A vítima contou que o dinheiro era guardado há anos para comprar uma moto:

“Comprei sua mentoria há um tempo, mas os jogos não deram certo. Perdi 17 mil, dinheiro que vinha guardando do auxílio Brasil e da pensão dos meus filhos”, relatou no inquérito.

Outro seguidor, identificado como José (nome fictício), relatou ter perdido R$ 10 mil:

“Sou casado, pai de família, estou desempregado e perdi quase 10 mil. Estou arriscado a perder meu casamento”, disse.

Em dezembro de 2022, outra usuária afirmou ter entrado em depressão devido às perdas e pediu ajuda para quitar dívidas:

“Preciso de R$ 60 mil para organizar as coisas”, escreveu.

MOVIMENTAÇÃO BILIONÁRIA

A Operação FRAUS revelou que Karol e os demais investigados movimentaram R$ 217.662.276,70 entre janeiro de 2019 e outubro de 2024, utilizando 30 contas bancárias em 11 agências de 13 instituições financeiras.

Os valores incluem R$ 108,4 milhões em créditos e R$ 107,3 milhões em débitos. Só em contas pessoais de Karol, foram identificados depósitos de plataformas ilegais que somaram R$ 37,2 milhões. Segundo o Ministério Público, a influenciadora usava empresas de fachada para lavar dinheiro e ocultar bens de luxo.

“Há indícios de que havia uma falsa promessa de ganho quando, na verdade, o jogo que ela ensinava não era verdadeiro. Ela tentava ludibriar seus seguidores”, afirmou a promotora de Justiça Jeniffer Medrado.

OPERAÇÃO FRAUS E AÇÕES JUDICIAIS

A operação contou com 40 policiais e cumpriu 23 mandados de busca e apreensão em endereços ligados à influenciadora, autorizados pela 1ª Vara Criminal de Araguaína.

A decisão judicial destacou a “grande movimentação financeira incompatível com a renda declarada” e apontou indícios de corrupção, fraude e ocultação de patrimônio.

DEFESA QUESTIONA PRISÃO E APELA AO STF

Em nota, a defesa afirmou que:

• recorreu ao STF para suspender a investigação e revogar medidas judiciais;

• o Relatório de Inteligência Financeira do COAF não teria sido obtido com autorização judicial;

• a prisão seria desumana, pois Karol estaria em recuperação de uma cirurgia;

• as supostas infrações seriam “apenas contravenção penal”.

O caso segue sob investigação.

Mensagens enviadas a Karol Digital por pessoas que perderam dinheiro — Foto: Reprodução/Polícia Civil