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"HOMEM DE BEM"

Polícia investigou redes sociais de músico que pode ter sido assassinado por PMs

07 dezembro 2023 - 08h19

"Muito presente na família e de um coração bom". Assim era o músico Joan Braga dos Reis, de 33 anos, conforme aponta um relatório feito pela Polícia Civil. Ele foi assassinado em abril deste ano e teve o corpo descartado às margens da BR-235, em Guaraí. Três policiais militares foram presos suspeitos de envolvimento no homicídio, na última sexta-feira (1º).

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No relatório, ao qual o g1 teve acesso, os investigadores traçam um perfil da vítima, com base em depoimento de familiares e na investigação dos perfis nas redes sociais. O documento diz que Joan cursou o ensino fundamental até a 8ª série em uma escola municipal de Centenário, até 2006.

Descreve também que Joan morava no plano diretor sul de Palmas, tinha um relacionamento amoroso e uma filha. Ingeria bebidas alcoólicas socialmente e não fumava. Ele não tinha dívidas.

"Joan, um bom filho, sobrinho, primo, irmão, neto. Muito presente na família. Cresceu no interior. De um coração bom", diz.

Os investigadores também analisaram perfis do músico em duas redes sociais, mas "nada foi encontrado vinculado a temas como apologia ao crime, amizades com criminosos conhecidos, ou algo que desabone sua pessoa, dentre outros", enfatiza o relatório.

Prisão de policiais

Sargento Leonardo Lopes e soldados Maycon Douglas e José Marcos estão presos — Foto: Divulgação

O crime aconteceu em Guaraí, na região centro-norte do estado, em abril deste ano. Joan ficou desaparecido por cinco dias, até seu corpo ser encontrado. O segundo sargento Leonardo Lemos Macedo e os soldados Maycon Douglas Monteiro e José Marcos Almeida da Silva são os supostos autores do assassinato.

Eles foram detidos na última sexta-feira (1º), durante o cumprimento de mandados de prisão. Entre as denúncias contra o trio está a suspeita de eles terem abandonado o corpo de Joan na rodovia. Eles estão presos na unidade policial de Guaraí.

Além da prisão, o Ministério Público obteve na Justiça o afastamento dos militares das suas funções na corporação e solicitou a entrega das armas.

A defesa dos suspeitos afirmou que vai comprovar que eles não têm envolvimento com as mortes. (Veja nota abaixo).

Segundo o MPE, o sistema de monitoramento da viatura usada pelos policiais e câmeras de segurança instaladas na cidade mostraram que o veículo fez o mesmo trajeto até o local onde o corpo de Joan foi encontrado cinco dias depois de sumir, já em estado de decomposição. Testemunhas também relataram que viram a vítima dentro da viatura.

Conforme procedimentos padrões, Joan deveria ter sido levado para uma delegacia da cidade após entrar no veículo, o que para o MP, não aconteceu. Os militares teriam relatado que deixaram a vítima em um bairro da cidade, mas a investigação não comprovou a versão dos suspeitos.

Investigação

Segundo a investigação policial, Joan saiu de Luzimangues, distrito de Porto Nacional, para visitar a família em Centenário. Quando ele estava em Guaraí teve um surto psicótico causado por sequelas de um acidente que tinha sofrido. Ele não tinha passagens pela polícia.

O músico foi visto vagando pela cidade entrando em carros que encontrava abertos. Ele teria provocado pequenos estragos em um dos veículos enquanto tentava ligá-lo e foi abordado por PM aposentado que acionou os policiais do 7º Batalhão da Polícia Militar de Guaraí, onde os suspeitos são lotados. Depois disso, Joan não foi mais visto.

Os militares vão responder por homicídio doloso qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual.

O que diz a defesa dos militares

No dia da prisão, o advogado Paulo Roberto da Silva afirmou que não há provas contra os militares e que ainda não tece acesso ao processo.

“Embora a defesa não tenha tido acesso aos autos, me parece ser mais um daqueles casos que não tem prova. A participação desses acusados eu tenho certeza que será demonstrada de forma cabal que ela inexiste. Então a defesa está tranquila, os réus estão tranquilos. Eles se apresentaram hoje ao quartel antes do cumprimento de qualquer mandado de prisão e vamos tocar a defesa de forma clara, objetiva, porque nosso interesse é social tanto quanto do Ministério Público, tanto quanto das autoridades. A Polícia Militar não tem bandidos no seu meio”, explicou o advogado.

O que diz a PM

Em nota, a Polícia Militar informou que, de fato, em virtude dos PMs estarem presos, naturalmente estão afastados de suas funções e impedidos de realizar suas funções públicas. Sobre as entrega das armas, estas foram recolhidas pela Polícia Militar e estão à disposição da Justiça.

*G1 Tocantins