O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (22) que o laboratório chinês Sinovac ofereceu ao governo federal a vacina CoronaVac pela metade do preço cobrado pelo Instituto Butantan.
Segundo Bolsonaro, o governo enviou a proposta à CGU (Controladoria-Geral da União), ao Ministério da Justiça e ao Tribunal de Contas da União para apurar por que existe essa diferença nos preços e se há irregularidade no acordo de aquisição da vacinas.
"Por que a matriz nos oferece a vacina pronta a US$ 5 e eles, Butantan, ao receber o IFA da China, nos revende a US$ 10, pode ser que não haja nada de errado nisso tudo, mas o Butantan nunca nos apresentou a planilha de preço. Pelo que tudo indica no momento é algo assustador."
O Instituto Butantan, que também teria sido acionado para se explicar, costuma dizer que o preço de US$ 10 inclui não só o preço do imunizante, mas também o armazenamento e o transporte do produto.
O chefe do Executivo afirmou que o governo não respondeu à Sinovac. "Vou conversar de novo com o [ministro da Saúde, Marcelo] Queiroga hoje, mas antes vamos investigar."
"Não vou comprar algo que a população não quer tomar", disse o presidente, dando a entender que a CoronaVac não tem qualidade e é rejeitada pelos brasileiros.
Bolsonaro citou que "a CoronaVac não deu certo no Chile" e, por isso, talvez não desperte mais o interesse do governo federal.
"Em São Paulo, o pessoal pergunta [antes de se vacinar] qual vacina está disponsível, e se é CoronaVac, a tendência é não tomar."
Ele declarou que se o governo chegar à conclusão de que vale a pena investir na CoronaVac, a proposta da China pela metade do preço pode interessar.
"Não estou acusando de corrupção, de desvio, de nada, apenas uma documentação que chega aqui e nos traz enorme preocupação do que acontece no Butantan", disse Bolsonaro.
Procurado, o Butantan, por meio de sua assessoria de imprensa, pediu para a reportagem procurar a Sinovac "para saber se realmente existe essa oferta". O instituto ficou de checar se foi ou não apresentada uma planilha explicando ao governo como chegou ao preço de US$ 10 por dose de vacina e não respondeu se algum órgão federal o procurou para ouvi-lo na investigação citada por Bolsonaro.