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Candidatos baixam o nível no debate da TV Anhanguera

29 setembro 2010 - 11h54

Era grande a expectativa dos tocantinenses para assistir o confronto dos candidatos ao governo na noite dessa terça-feira, 28, em debate com transmissão ao vivo pela TV Anhanguera e rádio Araguaia FM de Araguaína, Porto Nacional e Gurupi. Para muitos eleitores que ainda não escolheram em quem votar o combate seria decisivo.

Os candidatos Carlos Gaguim (PMDB) e Siqueira Campos (PSDB) chegaram pontualmente na sede das Organizações Jaime Câmara em Palmas e logo após a novela “Passione”, transmitida pela filiada da rede Globo, TV Anhanguera, teve início o debate. O responsável pela mediação das discussões foi o jornalista Sandro Del Piccolo.
Nos últimos dias a disputa pelo Palácio Araguaia já vem esquentando motivada pelas denúncias de corrupção que caíram como uma bomba no Estado, tendo em vista todas as acusações de ambos os lados presentes nas propagandas eleitorais gratuitas. O que era de se esperar nesse último debate era uma ácida discussão sobre os últimos acontecimentos envolvendo o governador e candidato á reeleição Carlos Gaguim e uma ardilosa revirada na história política do candidato Siqueira Campos.

Não demorou nada para as perguntas esquentarem o debate. Já no primeiro tema sorteado pelo jornalista Sandro Del Piccolo “governabilidade” o ex-governador Siqueira perguntou então a Carlos Gaguim o que ele pensava sobre governabilidade, este prontamente atacou respondendo: "Governabilidade é sentar com a sociedade, com os partidos, como Lula fez, governar junto com o povo. Não é governabilidade do passado, de caça às bruxas".

Na réplica, Siqueira claramente acusou Gaguim de desonesto. “...Governabilidade sem honestidade é forma de enganar opinião pública", disse.

Gaguim sem titubear rebateu o ataque dizendo: "Ele [governo Siqueira] nunca teve governabilidade, sempre teve ditadura. Não sabe o que é governabilidade. É como nosso governo está fazendo, no portal de transparência, no Diário Oficial. Na sua época, era V.Exa. que fazia os orçamentos [de todas as instituições do Estado]".



Polícia Militar

Como todos já imaginavam que a discussão seria ferrenha um dos assuntos mais esperados pelos eleitores seria a justificativa dada pelo ex-governador e candidato pela coligação Tocantins Levado a sério, concernente a uma das acusações contra ele que mais repercutiu nos meios de comunicação tanto na época como agora na véspera das eleições: A greve da Polícia Militar. O questionamento veio à tona quanto o governador Gaguim perguntou a Siqueira: "Gostaria de saber se vai você fazer como no passado, maltratando os funcionários, colocando os tanques de guerra na rua?". No que Siqueira respondeu que essas acusações de Gaguim "não têm fundo de verdade". "O exército veio para cuidar da Polícia Militar” e ainda completou que “O que a PM quer saber hoje é da PEC 300. Ditadura é de quem amordaça a imprensa. Governo do PMDB tem dado demonstração de estar sempre com a ditadura na cabeça. Praticando, mas acusando os outros", afirmou o ex-governador.

Gaguim então reagiu afirmando: "Ele está equivocado novamente. Todo mundo sabe o que ele fez na Polícia, que promoteu promoção e nunca deu. Em 1998 a 2000 que ele impôs mordaça à imprensa, tenho documento aqui. Sou pela liberdade. Ditadura é do outro lado".




Revista Veja

Em meio a rodadas de perguntas o governador questionou Siqueira sobre o que ele pensa sobre as denúncias da revista Veja desta semana e as do passado, duas edições, de 2000 e 2002, contra o ex-governador. Que respondeu: "No meu governo não houve escândalo, nem 10% do que houve agora. Não existe uma única ação contra mim. Nenhum processo ingressado teve segmento. Todas as áreas estão com problemas na gestão atual", disse.

Gaguim, então, atacou: "A Veja fez denuncias de roubo [contra o governo Siqueira], ele não tem credibilidade para atacar o governo [atual]. Não tem nada no nome dele. As rádios e televisões no nome de laranjas. Como não tem nada, se vivem andando de jatos e jatos toda hora?", questionou o peemedebista.

Foi sorteado então pelo jornalista mediador o tema “transparência”. Siqueira pediu a Gaguim que explicasse “...essa coisas nebulosas que estão acontecendo no seu governo".

Gaguim desafiou: "qualquer cidadão que prove que o governo pagou algum centavo" às empresas citadas nas reportagens sobre as investigações feitas pelo Ministério Público de São Paulo. "O que existem são fitas roubadas, boatos...”. Ainda de acordo com as afirmações de Gaguim em debate, o filho de Siqueira, Eduardo Siqueira Campos é citado nas fraudes do processo e ainda diz que Eduardo teria ido à casa de um senador para pegar dinheiro para a campanha. “Estamos denunciando isso ao Ministério Público Federal”, finalizou Gaguim.




Traições

Em meio a tanta troca de acusações, de quem fez e deixou de fazer, a discussão fugiu totalmente do nível político e baixou indo a fundo em questões inteiramente pessoais tratando da suposta infidelidade amorosa de ambos os candidatos. Isso aconteceu ainda quando os candidatos discutiam sobre o tema “transparência” quando Gaguim afirmou “...atacaram minha honra e minha família, eu sou um homem de família, não sou como o senhor que tem muita coisa, não vou dizer em respeito ao povo tocantinense”.

Siqueira respondeu que o MPE-SP disse que os Manduca são ligados à família de Gaguim. "E não à minha família. Conta essa história direito, rapaz. Se você tivesse uma família igual à minha... A sua esposa é uma pessoa de bem, mas o senhor não é. Respeite a minha família!”, atacou o ex-governador.

Gaguim, então, engrossou ainda mais o ataque: "Não queria falar desse assunto. Tanta acusação à minha honra, e minha família. Quem não sabe que ele [Siqueira] viajou ao Japão com outra pessoa, teve outros filhos fora do casamento...”

Em seguida, Siqueira pediu para Gaguim dar o nome da mulher com quem o ex-governador teria viajado ao Japão. O governador silenciou e falou de propostas. O mediador do debate, jornalista Sandro Del Piccolo, então, teve que pedir aos dois candidatos para se aterem a propostas e não fazerem ataques pessoais.




Reflexão

Do início ao fim, o debate eleitoral foi repleto de polêmicas “baixarias”, o que ficou nítido é que os dois candidatos deixaram para segundo plano a apresentação de suas propostas de governo e partiram para o ataque tanto político quanto pessoal denegrindo a imagem de ambos. Esta foi a última oportunidade que os candidatos tiveram de se apresentar em nível de Estado ao eleitorado tocantinense. Resta agora saber nas urnas se o bate-boca ocorrido na noite de ontem refletirá em votos para um dos candidatos ou até mesmo na decisão de se manterem “imparciais” os eleitores que ainda estavam indecisos.
 















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