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CULTURA

Diversidade e tradição marcam os trabalhos na Feira-Livre de Araguaína

04 março 2011 - 12h45

Alessandro Sachetti
Da Redação

 

Enganam-se os que pensam que na Feira-Livre de Araguaína encontram-se apenas produtos comuns de qualquer feira, por entre as barracas que vendem produtos convencionais como verduras, frutas e legumes encontramos algumas peculariedades regionais como doce de buriti, rapadura, peixes dos rios locais e remédios naturais em forma de óleos ou cascas de árvores.

Plantas medicinais
Seu Raimundo José da Silva que trabalha na feira há 12 anos, vende em sua barraca diversas plantas medicinais para várias finalidades, como a casca de Quina que é uma potente erva medicinal para baixar a febre, há também o óleo de Mucuíba que atua contra gastrite e úlcera.

É grande a variedade de produtos medicinais naturais na feira, entre eles: óleo de Andiróba (para gripe), óleo de Podói (para o rim), casca de Mangabeira (excelente para pressão e alta hipertensão, além de colesterol e diabetes), entre outras.

Segundo o senhor Raimundo essas cascas e óleos são extraídos no Piauí e no Maranhão para serem vendidos nas feiras de toda a região: “Esses produtos vem de outros Estados, só são encontrados aqui na feira. Por isso pessoas de todos os níveis sociais compram com a gente”, completa o feirante. Ainda, segundo ele existe grande procura pela casca de árvore chamada “Verga Teso”, indicado como afrodisíaco e estimulante sexual. Tamanha é a procura, que na barraca do feirante na manhã dessa sexta-feira, 04, quando a equipe de reportagem do Portal O Norte esteve visitando a Feira, a casca já havia acabado.

Esses remédios naturais não são invencionices regionais, o Ministério da Saúde do Brasil reconhece muitas dessas ervas como possuidoras de propriedades fitoterápicas e também alerta que a maioria dessas árvores correm sérios riscos de extinguir-se.

Sabedoria popular
Antigamente não havia farmácia, principalmente nas cidades do interior, as pessoas que habitavam esses lugares se valiam de raízes e cascas de árvore para curar doenças leves. Descobriram testando e também observando os índios e seus remédios naturais.

Segundo a senhora Joselene Teixeira, que há mais de 10 anos faz compras na feira-livre da cidade, nada é melhor do que comprar com os feirantes: “Eu gosto de comprar com os feirantes, porque depois de 10 anos comprando aqui já sou amiga deles e também porque aqui a gente pega as frutas, verduras e legumes sempre fresquinhos”.

A feira e a cidade – Contexto histórico
A feira livre floresceu na Europa durante a Idade Média e teve papel fundamental no desenvolvimento das cidades no chamado renascimento comercial observado durante o século XIII. Na medida em que a produção agrícola foi ganhando sofisticação nos feudos, o excedente passou a ser comercializado nas cidades durante as feiras. As trocas comerciais realizadas nos centros urbanos possibilitaram a padronização dos meios de troca. Realizadas estrategicamente em área onde rotas comerciais se cruzavam, as feiras ainda incentivaram a criação de uma estrutura bancária que regulasse o câmbio e a emissão de papel-moeda.

Apesar de todo contexto histórico advindo das feiras-livres, é fácil perceber que a mesma encontra-se em decadência, pois, com a instalação de novos supermercados e atacadões em Araguaína, o movimento dos feirantes vem caindo consideravelmente. Maria Benedita Mendes, feirante há 18 anos, conta que o movimento já foi muito maior: “Aqui antes era cheio de gente comprando, a gente montava as barracas e no mesmo dia já vendia tudo, as pessoas tinham que chegar cedo pra conseguir comprar as melhores coisas. Hoje a gente monta a barraca e não vende tudo nos dois dias de feira”.

Diversidade
É possível perceber que a feira-livre caminha mesmo para diversificação. Se por um lado encontramos produtos típicos da região, além dos produtos tradicionais de qualquer feira, por outro encontramos também produtos eletrônicos como rádios, videogames, relógios, despertadores, brinquedos. É possível comprar mochilas, carteiras, sapatos, cintos, etc. Inclusive, pode-se notar que as barracas que vendem esses itens são tão numerosas quanto às tradicionais. O que demonstra que até mesmo as feiras-livres estão se adaptando ao modelo de mercado do século XXI.

A feira-livre de Araguaína acontece todas sextas e sábados atrás do mercado municipal no Centro da cidade.