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SAÚDE PÚBLICA

Conselho de Enfermagem denuncia situação de trabalho no HRA e Estado rebate: "Sensacionalismo"

07 maio 2020 - 10h14Por Redação

Profissionais da linha de frente de combate ao Covid-19 no Hospital Regional de Araguaína (HRA) encaminhararm uma série de denúncias ao Conselho Regional de Enfermagem (Coren-TO) que por sua vez, publicou uma nota de repúdio questionando as ações realizadas pela diretoria da unidade, bem como a qualidade de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Diante da denúncia, o Governo do Estado também se manifestou. (As notas na íntegra estão no final da matéria).

No documento assinado pela presidente Emília Maria Reis, o Conselho relata que os enfermeiros se sentem desprotegidos e inseguros com a falta de capacitação, treinamento e EPIs em quantidade insuficiente e muitas vezes os que são fornecidos, não atendem a qualidade recomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Coren também denuncia a insatisfação com a conduta administrativa tomada pela Direção Geral e multiprofissional do HRA, onde os profissionais vem sendo escalados sem conhecimento prévio para atuar no setor de atendimento ao Covid-19 "causando estresse emocional e conseqüentemente medo de represália”, afirma. 

A nota finaliza afirmando que "este é um momento de união e autorresponsabilidade, que necessita da cooperação de todos. Estamos trabalhando diligentemente para proteger os Profissionais de Enfermagem e garantir que seus direitos sejam mantidos, visto que, com a propagação dos casos, os profissionais da Enfermagem estão na linha de frente ao combate ao Covid-19", pontua.

Duas Interdições

  • Ambulatório

Depois de servidores apresentarem sintomas de Covid-19, a SES decidiu fechar a no último dia (29) de abril, o ambulatório de alta complexidade do hospital. Segundo a Secretaria na época, a medida provisória foi tomada depois que uma servidora que atua no setor foi submetida a um exame de tomografia, indicando a suspeita de ela estar com o novo Coronavírus, mas o resultado do material colhido da profissional teve resultado negativo.

Na oportunidade, o Estado também decidiu pelo isolamento domiciliar de todos os profissionais que trabalhavam no setor e os que apresentarem sintomas deveriam ser submetidos a testes que detectam a doença.

  • UTI 

No memso dia, a diretoria do HRA decidiu fechar temporariamente Unidade de Terapia Intensiva 1(UTI 1), diante da suspeita de contaminação por Covid-19 de uma servidora que atua no setor regularmente. Ela foi afastada das funções após apresentar sintomas da doença. De acordo com a direção na época, toda a equipe que desenvolve atividades dentro da referida unidade e também dos pacientes que lá estão internados até o momento seriam submetidos a uma testagem para Covid-19.

Depois da interdição, a SES confirmou que o teste da servidora investigada deu positivo para Coronavírus. Ela também foi afastada do cargo e permanece em isolamento. Quatro dias depois da interdição, a SES informou que todos os pacientes da UTI I tiveram resultados negativos para Covid-19, assim, a unidade foi liberada para recebimento de novos pacientes e alta dos já internados.

O outro lado

O Portal O Norte procurou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para se manifestar sobre a nota.

Sobre a denúncia de falta de capacitação/treinamentos, a pasta garantiu que a unidade tem realizado a organização e atualização de fluxo e processos de trabalho, e uma seleção de equipe de enfermagem pautada em habilidades técnicas no manejo de pacientes graves, que resultaram em um aperfeiçoamento de aproximadamente 80% (oitenta por cento) de servidores assistenciais da Diretoria Multiprofissional/HRA, o que representa um total de aproximadamente 650 colaboradores.

Sobre os EPIs, o Estado lembra a situação do desabastecimento global dos materiais diante da pandemia mundial, mas ressalta que não tem medido esforços para suprir com os EPIs normatizados pelos órgãos reguladores e quantidades suficientes, visando uma maior segurança aos usuários e colaboradores.

Em relação à assistência psicológica, o HRA afirma que conta com um Núcleo de Assistência à Saúde do Trabalhador (NASST), composto por diversos profissionais dentre eles: médico, psicólogo, enfermeiros, odontólogo, técnicos de enfermagem e técnico em segurança do trabalho, responsáveis por prestarem um suporte e monitoramento à saúde dos colaboradores.

Sobre a "União e autorresponsabilidade" defendida pelo Coren no final da nota de repúdio, em relação ao combate contra o Covid-19, a SES concorda mas observa que tais conceitos se alicerçam na solidariedade, empatia, amor e espírito do dever público e alfineta que as mesmas "estão acima de paixões corporativistas, sensacionalistas e imediatistas".

Confira a nota na íntegra da SES clicando aqui

Confira abaixo a nota na íntegra 

O CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO TOCANTINS – COREN/TO vem a público manifestar o seu repúdio e insatisfação com a conduta administrativa tomada pela Direção Geral e multiprofissional do Hospital Regional de Araguaína, onde os Profissionais de Enfermagem vem sendo escalados sem conhecimento prévio para atuar no setor de atendimento ao COVID-19, causando estresse emocional e conseqüentemente medo de represálias.

O Profissional de Enfermagem diante do avanço da pandemia sente – se desprotegido e inseguro com a falta de capacitação/treinamentos e com EPIs em quantidades insuficientes, sendo ainda que, na maioria das vezes os equipamentos de proteção individual fornecidos não atendem a qualidade recomendada pela ANVISA.

Os Profissionais, apesar de estarem ligados diretamente com os infectados e suspeitos pela Covid-19, os mesmos não contam com suporte psicológico nem emocional, mesmo estando em situações vulneráveis.

Este é um momento de união e autorresponsabilidade, que necessita da cooperação de todos. Estamos trabalhando diligentemente para proteger os Profissionais de Enfermagem e garantir que seus direitos sejam mantidos, visto que, com a propagação dos casos, os profissionais da Enfermagem estão na linha de frente ao combate ao Covid-19.

Estamos atentos à expressões e atitudes desta natureza e não toleraremos em nenhuma hipótese tais práticas.

Palmas – TO, 05 de maio de 2020.

Dra. Emília Maria R. Miranda Damasceno Reis

Presidente do COREN/TO