A família de uma idosa de 77 anos, procurou nossa reportagem para denunciar uma situação que está acontecendo no Hospital Regional de Araguaína (HRA) no norte do Tocantins, onde ela está internada desde o último dia 17. A paciente que deu entrada na unidade apresentadando um problema intestinal, foi diagnosticada com a Covid mais de 10 dias depois de ser internada. Agora os parentes cobram explicações e estão em queda de braço com a unidade, que mesmo com leito clínico disponível no município, estaria tentando transferir a senhora para fora da cidade para tratar da doença.
Tudo começou depois que dona Emília Mendes Vieira, passou mal e procurou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde foi detectado um problema intestinal. Ela então foi encaminhada para o HRA onde após avaliação, a equipe médica constatou a possibilidade dela ter que ser submetida a um procedimento cirúrgico. Enquanto a questão não era confirmada, dona Emília permanecia internada em observação e recebendo a visita de familiares.
"A última vez que minha prima viu ela foi no dia 28, depois disso a tia Emília foi colocada em isolamento e só no dia 30 informaram pra gente que ela foi diagnosticada com a Covi-19. Ela entrou pra se curar de um problema e acabou contaminada por essa doença", disse uma sobrinha que preferiu não se identificar, acrescentando que depois disso a família passou a enfrentar um impasse no hospital: "Uma hora diziam que ela precisava ir pra UTI, outra hora que diziam que não e por fim, disseram que ela poderia ser tratada em leito clínico para a Covid, mas precisavam levar ela para Guaraí porque não tinha vaga em nenhum hospital de Araguaína", disse relatando que a família recusou a transferência: "Ela é de Araguaína, ficou doente inclusive aqui e deve ser tratada na cidade, onde estão os familiares que cuidam dela", protestou, explicando que antes de ir parar no hospital, a tia vivia em isolamento com outra irmã em uma chácara na zona rural da cidade.
Depois da recusa, a sobrinha conta que o hospital procurou novamente os familiares, dessa vez para assinarem uma papelada de transferência para Paraíso do Tocantins, porque não teria mais vaga disponível em Guaraí e mais uma vez ouviu a negativa dos parentes: "Eles continuaram dizendo que não tem leitos na cidade, mas a notícia que a gente sabe é que tem vaga e nós não aceitamos tiar nossa tia daqui, porque leito a gente sabe que tem, então o que está acontecendo?", questionou a mulher afirmando que acionou o Ministério Público e foi orientada a solicitar o prontuário de dona Emília para dar prosseguimento à denúncia ao órgão, mas o hospital estaria dificultando a disponibilidade do documento.
O Estado
O Portal O Norte procurou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para esclarecimentos sobre o caso. Em nota, a SES respondeu que devido o HRA não ter leitos clínicos para atender pacientes com a Covid, o Núcleo Interno de Regulação (NIR) da unidade, teria socilitado transferências para o Hospital Municipal de Campanha e ao Hospital de Doenças Tropicais (HDT), mas disse que ambas teriam sido negadas, por estarem com todos os leitos ocupados.
Diante disso, o NIR/HRA afirma que solicitou vaga no Hospital Regional de Guaraí, sendo autorizada, contudo recusada pela família da paciente. Após isso o NIR/HRA voltou a solicitar vaga no HDT, mas a unidade continua lotada e Guaraí já não tem disponibilidade de leitos clínicos Covid, levando o Estado a ingressar com um pedido de transferência para a paciente no Hospital Regional de Paraíso do Tocantins.
Sobre o fato da família afirmar que ela foi contaminada na unidade, a Secretaria observa que a transmissão do novo Coronavírus no Tocantins acontece de forma comunitária, destacando que não se pode afirmar que ela foi contaminada dentro do HRA.
Divergência de Informações
O Portal O Norte também procurou o município para esclarecimentos, já que o Estado declarou ter solicitado o pedido de transferência que teria sido negado por falta de leitos clínicos, no entanto, vale ressaltar que em nenhum dos boletins divulgados nos últimos dias à imprensa, a taxa de ocupação dos leitos no município chegou a 100%.
Em nota encaminhada à nossa reportagem, a prefeitura informou que até ontem (06), o município não recebeu da diretoria do Hospital Regional de Araguaína (HRA) ou da Regulação Estadual, qualquer solicitação de contrarreferenciamento da paciente, Emília Mendes Vieira para o Hospital Municipal de Campanha (HMC).
Na nota encaminhada ao site também foi informado que havia 43% dos leitos clínicos disponíveis para pacientes de Araguaína e dos municípios que firmaram compromisso de cooperação para funcionamento da unidade: Campos Lindos, Colinas, Goiatins e Wanderlândia.
Nossa Redação entrou em contato novamente com o Estado para responder sobre essa divergência de informações mas até o fechamento desta matéria, não obtivemos resposta.
A Espera
Ainda na manhã deste domingo, familiares afirmaram que a paciente continua no HRA esperando uma transferência para receber o devido tratamento contra a doença.