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Menor sofre com o abandono da família e negligência das autoridades

20 junho 2011 - 08h47

Daniel Lélis
Da Redação

 

A reportagem do Portal O Norte flagrou uma cena lamentável nas ruas de Araguaína neste fim de semana. Era mais de meia noite quando encontramos deitado dormindo na calçada em frente ao Shopping Popular, no Centro da cidade, um jovem de 14 anos que, por bom senso e dever ético, não divulgaremos o nome.

A foto feita revela a infância perdida de quem, sem alternativa, precisa se acomodar num chão duro, sem cobertor, sem cuidados, exposto a todos os riscos da madrugada do segundo maior centro urbano do Tocantins.

Segundo o menino, cujos lábios tremiam de frio, a rua tem sido a sua segunda casa nos últimos tempos. Ele afirmou que os pais moram em Goiânia, que não estuda e que sobrevive das esmolas que pede todos os dias. Perguntado se tinha parentes no Município, o jovem afirmou com uma voz murcha e atordoada: “Tenho minha avó, mas tenho medo de voltar para lá, acordar ela; ela pode se assustar”.

Ele contou ainda que nunca fez uso de drogas ilícitas, mas que é comum lhe oferecerem: “Já vi colegas usando, mas eu nunca tive vontade; de vez em quando aparece alguém oferecendo, mas acho que não é legal”. Os olhos vermelhos e a boca seca dele, contudo, chamaram a atenção da nossa reportagem.

De acordo com o menor, que parece conformado com o abandono, nenhuma entidade, órgão do Poder Público ou particular lhe ofereceu ajuda até hoje. Questionado sobre o Conselho Tutelar, órgão encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, ele respondeu: “Nunca ouvi falar disso aí não, tio. O que é?”. Em voz baixa, ele continuou: “Gostaria muito de ter um lugar para dormir, sabe? Minhas costas doem muito quando durmo aqui”.

O drama do menino, cuja magreza acentuada é visível, se soma ao de tantos outros moradores na mesma situação que, sem a expectativa de uma vida digna, tem como lar as praças e calçadas de Araguaína. Contudo, a realidade do personagem principal desta matéria choca e entristece ainda mais em razão do fato de ser ele apenas uma criança. Sua dor e sofrimento comovem, mas, sobretudo, envergonham.

Casa abrigo
Uma das soluções para o problema dos moradores em situação de rua seria, conforme já mostrou o Portal O Norte (confira a matéria na íntegra, aqui), a instalação em Araguaína da Casa Abrigo, um local onde essas pessoas poderiam dormir com mais conforto, receber orientações, alimentação adequada e ter condições para cuidar da higiene.

A implantação do espaço foi prometida pelo Poder Público no início de abril. Adilson Bonfim, gestor da Casa, que será instalada na Rua 13 de Maio, Setor Rodoviário, informou em entrevista que o projeto estava adiantado, faltando apenas alguns detalhes. Contudo, dois meses depois falando ao site o mesmo alegou que houve atraso na conclusão do projeto por conta da reclamação dos vizinhos do lugar.