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CINEMA

Estado comemora crescimento da produção audiovisual no Tocantins

19 junho 2019 - 14h34

Era 19 de junho, provavelmente um dia ensolarado, quando o ítalo-brasileiro Afonso Segreto registrou as primeiras imagens em movimento no território brasileiro, em 1898. O local escolhido foi a entrada da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e o primeiro cinegrafista e diretor do país estava a bordo do navio francês Brésil.

Desde então, muitos rolos de filme e câmera digitais foram usados para concretizar a rica trajetória do audiovisual no país, sendo que algumas pessoas preferem celebrar a data em 5 de novembro, para relembrar o aniversário da primeira exibição pública de cinema no país.

Apesar de uma produção de qualidade, muitos são os brasileiros que não valorizam o cinema nacional e consideram longas como Brasil Central, Cidade de Deus, Auto da Compadecida, O pagador de promessas e tantos outros como exceções, mas não são. Da mesma forma, o audiovisual cresce no Tocantins, que tem aumentado sua produção local, assim como servido de locação para diversas produções.

Nomes de cineastas e documentaristas como Hélio Brito, André Araújo, Marcelo Silva, João Luiz Neiva, Wherbert Araújo, Caio Brettas e Eva Pereira, entre outros, já fazem parte da história do cinema tocantinense, assim como filmes de diretores nacionais que abriram as portas para novas produções que estão surgindo e revelando o Estado como um excelente cenário para produções de ficção. A maioria dos projetos foi financiada por programas regionais e nacionais de incentivo a produção audiovisual.

“Minha contribuição com o audiovisual local anda junto com a própria inserção do Tocantins nas políticas de incentivo e fomento ao audiovisual desenvolvidas nos últimos anos pelo Ministério da Cultura, por meio da extinta Secretaria do Auvisual”, lembra Eva Pereira, que está em processo de finalização do longa O barulho da noite, que envolve parcerias locais e nacionais. “Sempre faço questão de apresentar projetos com proponência para o Estado”, completa.

O que vem por aí

Além de uma série de produções que já marcaram história no Estado (confira algumas abaixo), novos projetos estão em andamento. O já citado drama O barulho da noite traz como personagens principais Sônia (Emanuelle Araújo), Agenor (Marcos Palmeira) e Athayde (Patrick Sampaio), que vivem uma história de amor e traição sob os olhares inocentes das filhas do casal, Maria Luiza (Alícia) e Ritinha (Ana Alice), atrizes mirins tocantinenses. A diretora Eva Pereira corre para finalizar uma primeira edição, para participar de seu primeiro festival, no próximo semestre.

Já a SuperOito Produções, responsável por vários projetos na Capital, trabalha atualmente no projeto do longa-metragem O Comedy Club, comédia com previsão de gravação no início do segundo semestre e lançamento no final do ano. Vai contar a história de um jovem imigrante do Tocantins que chega a São Paulo para tentar a vida como garçom e acaba descobrindo uma vocação para a comédia. No momento em que ele parece engatar uma carreira, sua ranzinza mãe adoece na sua pequena cidade natal. De volta, ele decide seguir fazendo humor, abrindo um clube de standup no local, junto às mais variadas e engraçadas figuras, que desagrada a muitos, principalmente quando o prefeito da cidade passa a ser o alvo principal das piadas da trupe.

O jornalista e cineasta Wherbert Araújo, idealizador e diretor do documentário O mistério do globo ocular e da ficção A hora mágica, conta que sua dissertação de mestrado vai embasar um segundo documentário para 2020. Com o título provisório de A memória do Araguaia, a proposta é retornar a Araguatins 15 anos depois do surgimento da doença misteriosa que cegou vários moradores da região.

Também previsto para o próximo ano, o filme Tudo Errado, do novelista e diretor Paulo Halm, terá locações no Tocantins, além da parceria de uma empresa produtora local. O filme vai narrar à trajetória de uma menina que engravida, foge de casa e passa por um processo de amadurecimento durante a passagem da adolescência para a vida adulta.

Confira algumas produções:

- Deus é Brasileiro (2003). Com direção de Cacá Diegues e Antônio Fagundes no papel de Deus, esta comédia com cenas em Palmas, Jalapão e Tocantínia levou Wagner Moura ao estrelato. Cansado dos erros cometidos pela humanidade, Deus resolve tirar umas férias nas estrelas. Mas, antes, ele precisa encontrar um santo que se ocupe de seus deveres enquanto estiver ausente, e resolve procurá-lo no Brasil.

- Hotxuá – o Palhaço Sagrado, o Riso da Terra (2009). Dirigido por Letícia Sabatella e Gringo Cardia, o documentário foi vencedor do Prêmio do Júri Popular no Festival de Cuiabá e do troféu Mapinguari no FestCine Amazônia. Destaca os índios que vivem na aldeia Krahô, no norte do Tocantins, onde preservam a maior área de cerrado do Brasil. Conhecido por ser alegre, esse povo tem o palhaço Hotxuá como o responsável por fazê-los rir. A produção registra o dia a dia da tribo, sua cultura e preocupação com o meio ambiente.

- Xingu (2012). Dirigido por Cao Hamburger e lançado em 2012, mostra a trajetória dos irmãos Orlando (Felipe Camargo), Cláudio (João Miguel) e Leonardo Villas Bôas (Caio Blat), que se tornaram referência nas relações com os povos indígenas, vivenciando incríveis experiências, entre elas a conquista do Parque Nacional do Xingu. Cenas no Cantão e no Jalapão.

- Palmas, Eu Gosto de Tu! (2014). Realização da SuperOito Produções, o primeiro longa de ficção inteiramente produzido no Tocantins, pelos diretores locais André Araújo, Hélio Brito, Roberto Giovanetti, Wertem Nunes, Marcelo Silva e Eva Pereira, traz atores e produtores musicais locais. Todas as histórias trazem a Capital como inspiração e cenário.

- Operações especiais (2015). O drama/ação dirigido por Tomás Portela, com Cléo Pires e Marcos Caruso no elenco dividiu opiniões sobre sua produção em Palmas, que serviu de cenário para a cidade imaginária de São Judas do Livramento, localizada no interior do Rio de Janeiro e dominada pela violência e corrupção.

- Menina Bonita de Trança (2018). Com direção de Henrique Terra, João Felipe e Nival Correia, o curta-metragem foi originalmente idealizado por alunas da Escola Municipal Beatriz Rodrigues da Silva, de Palmas. No roteiro assinado pelos alunos e adaptado pelo diretor Nival Correia e a professora Ana Kamila, a menina Tatá, que perde o hábito de ler livros, pois não consegue largar o smartphone, se depara, na biblioteca da escola, com a Menina Bonita, uma espécie de espírito da leitura. Vencedor do Concurso Interativo de Trailers, Clipes & Webdocs do Festival de Cinema de Gramado